No princípio criou Deus os céus e a terra. E a
terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e
o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus:
Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus
separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às
trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia
primeiro.
E
criou Deus o homem
à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
(Gênesis 1, 1 – 5, 27)
Caminhando
a passos largos, o homem se viu em sociedade, dispondo apenas da
linguagem oral para transmitir seus conhecimentos. Com o
desenvolvimento da intelectualidade, a vida se tornou mais complexa.
Fala e memorização tornaram-se insuficientes para investigar os
inúmeros dados da vida cotidiana e sócio-econômica.
A
invenção da escrita transformou de forma significativa a vida do
ser humano, pois a partir dela o mesmo pôde expressar e registrar
seus conhecimentos através de uma nova maneira.
Passado
o tempo, a escrita não perdeu sua importância, apesar de todos os
avanços tecnológicos ocorridos nos séculos XX e XXI. Atualmente,
dizem estarmos na era da informática. Citando David Weinberger
Não estamos na era da
informação. Não estamos na era da Internet. Nós estamos
na era das conexões. Ser conectado está no cerne da nossa
democracia e nossa economia. Quanto maior e melhor forem essas
conexões, mais forte serão nossos
governos, negócios, ciência, cultura, educação...
Enquanto
professores não podemos estar fora deste processo, uma vez que nos
depararmos, constantemente, com alunos que utilizam celulares ‘top
de linha’, conectando-se as redes sociais e até mesmo com
conhecimentos tecnológicos ainda não sabido por nós.
Em
plena era das conexões, a internet é o veículo onde a informação
é processada em tempo real, de uma forma interligada e globalizada.
Quando o educando se depara com um texto escrito num microcomputador,
incondicionalmente busca conhecer o conteúdo desse texto, seguindo
logicamente seu interesse. Inúmeras são as janelas abertas...
O
certo é que o uso da tecnologia nas escolas apresentava-se para o
professor como um risco de sua exclusão do processo
ensino-aprendizagem, em decorrência do perigo de massificação do
ensino, além de acelerar os estágios de aprendizagem. Atualmente,
há concordância sobre o fato de que a informática deve ser
incorporada ao processo educacional.
Citando
Hugo Assmann, não basta educar a massa trabalhadora para
alimentar a máquina produtiva, é preciso educar para provocar
indignação frente à aceitação conformista da relação
tecnologia X exclusão. É preciso formar cidadãos aptos a
construir uma sociedade solidária, principalmente quando se
considera que uma sociedade sensivelmente solidária precisa ser
permanentemente reconstruída. Cada geração precisa aprender a
dar valor à solidariedade.
A educação para a
solidariedade persistente se perspectiva como a mais avançada tarefa
social emancipatória. (ASSMANN … 1998, p.21).
O
que está em jogo nesse começo de século XXI é
o surgimento de uma nova fase da sociedade da informação, iniciada
com a popularização da internet e radicalizada com o
desenvolvimento da computação sem fio – a partir dos telefones
celulares, das redes de acesso à internet sem fio (“Wi-Fi” e
“Wi-Max”) e das redes caseiras de proximidade com a tecnologia
“bluetooth”. Trata-se de transformações nas práticas sociais,
na vivência do espaço urbano e na forma de produzir e consumir
informação.
Tais
mudanças vêm transformando o mercado de trabalho, e, provocando
incertezas como: a garantia de uma sociedade democrática e
participativa; o acesso à informação por todos; o aumento das
formas de controle e vigilância; o desemprego em massa e mais
concentração de renda; a efetivação da segurança pública; o
receio de instalação do terror; a formação de uma sociedade com
respeito mútuo, com justiça distributiva e sem invasão da
privacidade ou massificação.
Para
exemplificar, em artigo publicado pela Revista Carta Capital, de 23
de maio de 2011, Gianni Carta aborda o tema da vigilância e do
controle da privacidade das pessoas, relatando a situação vivida
pelos britânicos, que são observados 24 horas por dia por 1,5
milhão de câmaras de televisão de circuito fechado. Isso vem
ocorrendo e é legalizado pelo governo. Há, ainda, várias outras
maneiras de se perder a privacidade: os bancos estão a par de nossa
trajetória financeira; a companhia telefônica sabe para quem
ligamos e quanto tempo falamos; os canais de televisão sabem quais
nossos programas prediletos e quanto tempo passamos em frente do
televisor.
Reconhecemos
a importância que o avanço tecnológico acarretou e as inúmeras
possibilidades surgidas, no entanto, ainda nos deparamos com tanta ou
mais miséria, além de situações como as acima descritas.
Portanto
toda essa tecnologia não produziu os efeitos desejados, uma vez que
é do âmbito da política aquilo que vai se tornar realidade. Assim,
urge a necessidade de formarmos sujeitos para a tecnodemocracia,
de pensarmos em alfabetização tecnológica para todos.
Percebemos
que a sociedade está mais atenta a esta necessidade, de forma que as
escolas passaram a ser equipadas, propondo-se projetos de inclusão
digital como forma de ampliar o acesso aos nossos educandos.
Como
o número de escolas com internet era muito baixo, o governo
Brasileiro lançou o Programa Banda Larga na Escola, objetivando ter
todos os alunos das escolas públicas, na área urbana, acesso à
internet banda larga.
Reafirmamos
a necessidade do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) nos processos educativos, mas isto só não basta, precisamos
criar posturas autônomas e críticas de aprendizado sobre a
tecnologia. Sujeitos críticos, criativos e cuidantas é o propósito
final.
Por
fim, temos consciência dos prós e contra deste processo. Via de
regra, precisamos reverter esse quadro a nosso favor, fazendo bom uso
das tecnologias na escola, de forma a: redefinir o currículo
escolar; definir a orientação da prática pedagógica; observar os
tipos de software educacional; formar professores; organizar a
distribuição e uso dos recursos computacionais; contribuir para a
valorização dos educadores e para seu reencantamento pelo ato de
educar.
Com
certeza, isto é possível.